terça-feira, setembro 05, 2006

Afinal não se passou nada...

A investigação no âmbito do processo Apito Dourado detectou que vários árbitros foram abordados para prejudicar o Benfica na época 2003/04, revela hoje o Diário de Notícias.

"A investigação do processo Apito Dourado detectou, pelo menos três jogos, durante a época 2003/04, em que houve manobras de bastidores para prejudicar o Benfica", escreve hoje o jornal.

De acordo com o DN, numa das partidas, entre os encarnados e o Nacional (que o Benfica perdeu por 2-3), foi interceptada uma conversa telefónica entre o empresário António Araújo e o presidente do clube madeirense, Rui Alves, sobre a actuação do árbitro Augusto Duarte.

"Manda quem pode, obedece quem tem juízo", terá dito o empresário, citado pelo jornal.

Os indícios recolhidos pelo Ministério Público (MP) neste caso passam, sobretudo, por escutas telefónicas e foram remetidos à comarca do Funchal.

O DN escreve que não conseguiu apurar se o processo seguiu para a acusação ou se foi arquivado.

Segundo o MP, uns dias antes do jogo Nacional- Benfica o presidente do clube madeirense informou o empresário António Araújo da nomeação de Augusto Duarte, indica o jornal. "Rui Alves terá pedido a Araújo para este abordar o árbitro", ao que o empresário afirmou: "Pronto, eu toco a andar mesmo", disse, chegando mesmo a contactar Augusto Duarte.

Segundo o diário, "ao mesmo tempo, o empresário ligado ao futebol e com negócios com o FC Porto ia dando conta das diligências a Pinto da Costa e a outros dirigentes do FC Porto".

"Nota o procurador Carlos Teixeira que o FC Porto tinha interesse no resultado desse jogo, já que nesta altura do campeonato, o Benfica ocupava o terceiro lugar e ainda não estava arredado da luta pelo título", indica o DN.

Também há nos autos uma conversa telefónica entre António Araújo e Luís Gonçalves, da Sociedade Anónima do FC Porto (SAD), em que o primeiro refere ter estado a "tratar com o presidente aquela situação do Nacional", afirma o jornal.

De acordo com o DN, o outro desafio que consta do processo é o Benfica-Boavista, de 18 de Janeiro de 2004.

"Segundo o MP, Valentim Loureiro, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, ligou a Júlio Mouco, elemento da comissão de arbitragem, sugerindo o nome do árbitro Elmano Santos para o jogo em questão, acrescentando que não queria que fossem nomeados árbitros assistentes da Madeira e de Lisboa", afirma o diário.

Nesse contexto, João Loureiro, presidente do Boavista, contactou Carlos Pinto, funcionário da Liga, para este dar um "toque" ao árbitro. "O homem tem de ser chamado à atenção", terá dito João Loureiro.

O Boavista acabaria por perder o jogo (2-3) e Valentim Loureiro terá telefonado a Elmano Santos "bastante irado", segundo o MP.

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